Aos 90 anos Maggion investe para ampliar produção em 42%

Por: Soraia Abreu Pedrozo.

São Paulo – Fundada em 24 de janeiro de 1933 por Umberto Giovanni Maggion, um italiano que buscou refúgio em São Paulo para escapar da Primeira Guerra Mundial, a empresa que leva o seu nome de família, Maggion, completou nove décadas de operação.

Desde seus primórdios, e ao longo dos trinta primeiros anos de atividade, a companhia tinha como carro-chefe a produção de máquinas de torrefação de café e para usinas de cana de açúcar, mas dedicava-se também à recauchutagem de pneus: produziu para o Ford T.

A partir dos anos 1960 passou a focar na fabricação de pneus e, durante todo esse período, manteve a gestão familiar, uma vez que a filha de Umberto, Rosa Maria Maggion, segue à frente dos negócios, hoje na cadeira de presidente.

Rumo ao centenário um dos principais objetivos da Maggion para a próxima década é ingressar na produção de outro tipo de pneu, com maior potencial de comercialização, o radial, usado por qualquer tipo de carro. A indústria dispõe, hoje, de pneus da linha diagonal, utilizados em motocicletas, tratores e implementos agrícolas e carros antigos, como Fusca, caminhões de menor porte e charretes.

Por ora os planos de curto prazo estão calcados em ampliar em 43% o volume de produção das atuais 280 mil unidades mensais para 400 mil até o fim deste ano. Para tanto a empresa vem, desde 2022, mantendo plano de investimento que gira em torno de R$ 200 mil por mês. A meta é ultrapassar a injeção de R$ 1 milhão.

“Espaço interno nós dispomos para crescer. O aporte feito será na aquisição de máquinas e prensas para vulcanizar pneus: desde o ano passado foram adquiridas dez delas”, contou Éverton de Souza, coordenador de marketing da Maggion.

Everton de Souza

Com os recursos tem sido possível modernizar seu maquinário e prepara-lo para, além de expandir a linha de pneus para scooters, principalmente, obter maior penetração no mercado de reposição de motocicletas, que hoje responde por 80% da produção, assim como os agrícolas, o que inclui o segmento original, e que perfazem 8%. A gama da fabricante, entretanto, vai desde pneu para carrinho de mão até tratores, todos da linha diagonal.

Segundo Souza o ingresso no mercado de pneus radiais é um sonho da herdeira, Rosa Maria, e de toda a organização, mas que, como o investimento demandado é muito elevado, assim como a adaptação da fábrica, a tendência será migrar aos poucos: “Há o desejo de, no centenário, ou seja, em 2033, fornecermos esse tipo de produto, mas ainda não existe um projeto como o que estabelecemos para chegar aos 400 mil pneus por mês até o fim de 2023”.

Este é o caminho natural da companhia, pois a tendência é a de que o pneu diagonal deixe de existir ao longo dos anos. Para automóveis todos os pneus são radiais, mas, para os agrícolas, a transição ainda deverá ocorrer. Somente para motocicletas, na avaliação de Souza, esta mudança deverá demorar mais, atingindo primeiro os veículos de alta cilindrada e, depois, os de baixa cilindrada, que são os que eles mais atendem.

Surfando a onda na pandemia

De olho no movimento do mercado, com as vendas crescentes de motos, tanto pela praticidade e economia de combustível como pelo fato de ter se tornado o veículo mais acessível diante de dificuldades financeiras geradas pela pandemia, e dos preços nas alturas dos carros usados, há três anos a Maggion lançou pneus para scooters, que estão com crescimento exponencial, de acordo com Souza.

“Recentemente houve um boom nos grandes centros e capitais e um aumento expressivo em regiões do Norte e do Nordeste. Além disso o público feminino vem crescendo bastante nos últimos cinco anos. Diante disso queremos ampliar a produção desta linha, a toque de caixa, para oferecer uma série completa de produtos.”

De fato, no mês passado a B3 divulgou balanço de financiamento que apontava que o único segmento a ampliar as vendas parceladas foi o de motos. No mesmo período a Honda também celebrou a marca de 500 mil scooters produzidas no Brasil.

Antes de a covid-19 aportar no País 65% da produção da Maggion era dedicada aos pneus de motocicletas e 3% para os agrícolas. Durante a pandemia o agrícola passou para 8% e motos para 70%. Hoje, motos respondem por 80% e o porcentual agrícola foi mantido.

Concorrência com produtos importados

O executivo assinalou que, embora atenda à maior parte do aftermarket de motocicletas e domine o segmento de carretas puxadas por tratores – tanto que no faturamento a origem da receita é dividida por igual –, nos últimos meses a procura por parte dos itens agrícolas começou a se estabilizar frente à enxurrada de entradas de produtos importados, principalmente indianos, que não contam com medida antidumping assim como o chineses, e provocam concorrência desleal.

“Há cerca de sete anos produzíamos câmaras de ar para pneus de motocicletas, mas tivemos de parar, pois começou a vir da China e a um preço com o qual não conseguimos competir. Supondo que para fabricar eu gastava R$ 10, ao incluir impostos e despesas administrativas meu preço variava de R$ 15 a R$ 18. Só que o produto chinês chegava aqui por R$ 10.”

Hoje a Maggion fabrica câmaras de ar apenas para pneus agrícolas. Embora no fim de março o governo tenha anunciado a volta da alíquota de 16% sobre pneus de carga, o que incentiva a produção nacional, a Maggion não foi impactada, uma vez que os cinco tipos de produtos incluídos na medida não são medidas fabricadas pela companhia.

Plano é voltar a crescer dois dígitos

No ano passado o faturamento da companhia, cujo valor não foi declarado, avançou 12,7%. Para este ano, no entanto, a projeção aponta para incremento de 6% a 7%. Sobre o que impediria repetir o resultado de 2022 e crescer dois dígitos, Souza justificou que, além da estabilidade no agro, o investimento para ampliar a produção mira, justamente, voltar a crescer nesse patamar a partir do ano que vem.

“Não tem como repetirmos o crescimento de 2022 sem o investimento na expansão da produção e em novos equipamentos da fábrica. Para 2024, com o aporte concluído, a expectativa será ampliar a receita acima do resultado de 2023, com objetivo de chegar a dois dígitos.”

Hoje instalada em Guarulhos, SP, a Maggion emprega 1 mil 30 funcionários, sendo que cem foram contratados durante a pandemia. Espera-se que outra centena seja admitida até o fim do ano para contribuir com o aumento expressivo da produção.


Foto capa: Divulgação
Fonte: https://www.autodata.com.br/noticias/2023/04/06/aos-90-anos-maggion-investe-para-ampliar-producao-em-42-/53882/

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